Coisas que o destino escolhe.

10 oktober 2008
Chinese girl in Sweden - autumn and lots leaves flying

Anos se passaram e eu,mais uma vez voltando meu pensamento no tempo, chego à conclusão que minha vida foi toda permeada à casualidade. OU a algo que prefiro chamar "estava escrito..." Por mais que eu tenha planejado muita coisa, o que aconteceu mesmo foi algo inusitado. Não planejado por mim. Consciente disso, eu decidi dá à Natureza a oportunidade de fazer as coisas acontecerem. Tais quais vivi antes.
No início dos anos 80, eu concluía o segundo grau quando um teste vocacional deixara claro que eu tinha jeito mesmo era para números. Naquele tempo, eu vivia a fase de apaixonada por Química, Física e Matemática. Lá fui tentar uma vaga de Licenciatura em Química na Universidade Federal de Alagoas. Uma vez lá, eis que ensinei 4 anos e um belo dia, casei e fui morar no interior. Caí de pára-quedas numa indústria que me transformou, depois de cursos e mais cursos, em gerente de Informática. Entrei no curso de Economia da mesma faculdade...mas o que mexia com minha cabeça naquela época era uma tal necessidade de saber mais sobre o meu próprio destino. Eu queria, ainda no final dos anos 80, cursar Direito. Ser advogada. Sempre quis ser isso. Não queria mais do que isso.

beauty and harmony between the nature and the Humanity
De 1994 a 2004 trabalhei com Direito do Trabalho. Sempre fui apaixonada por Direitos de Família e do Trabalho. Nesse interim, entrei na faculdade de Direito. Na metade do curso,vim viver na Suécia. Ao voltar ao Brasil, concluí o curso e dei de cara com um tema instigante: OS DIREITOS DA CRIANÇA REFUGIADA. Devo enfatizar que a criança , em si, me sensibiliza. As dificuldades que ela vive, quer seja refugiada ou não. Dois anos em convivência com as crianças africanas me deram mais sensibilidade e desapego aos bens materiais. Eu aprendi a ser mais transparente em tudo. Mesmo que discordem de mim.



Light and blue sky...and a dark world.
Eu desejei concluir Direito mas nao planejei me dedicar a estudar Direito Internacional. Durante o TCC, comecei a estudar fotografia. A criança refugiada me deu a capacidade de aprender a ficar horas esperando um pássaro voar, uma abelha fazer morada numa flor, o sol se pôr, a chuva cair.


Na época, eu não sabia para quê aquele aprendizado me serviria. As fotos dos refugiados me renderam dividendos. Ainda não me sinto preparada para publicar nada sobre elas. Tem-se tempo para tudo. As idéias precisam amadurecer. E eu não quero publicar um livro por publicar. Quero um livro que eu me sinta orgulhosa dele. Mesmo que não venda um exemplar.


Nunca planejei trabalhar com fotografias. Mas isso VEM ACONTECENDO.E EU NÃO LUTEI E NEM PEDI PARA ISSO. E A VIDA TEM ME DADO OPORTUNIDADES NESSA ÁREA. FOTOGRAFAR A VIDA - em preto e branco ou colorido- não é para todo mundo. A arte de fotografar me faz analisar a vida sob todos os pontos de vista. Paralelo a isso, estudo sueco. E confesso que decidi me acalmar. Queria tanto falar sueco que caí na real e lembrei de meu passado: AS COISAS QUE NÃO PLANEJEI, CONQUISTEI. POR QUE CREIO QUE DEUS NÃO DÁ MILHO SECO A DESDENTADO. E se é assim...


Que eu dê chances à vida , a natureza, de fazer o melhor por mim. Pode ser que muita gente ache que ser fotógrafa é muito pouco quando se estudou tanto... Não importa. É algo prazeroso. No entanto, não vou dizer que isso seja algo definitivo na minha vida. Pode ser que amanhã...a vida me fale que preciso estudar algo além...
Se falo sueco?Confesso que já dou meus pulinhos. Perdi o medo...meti a cara. E consigo me fazer entender. Me apaixono diariamente pela língua do país que escolhi para viver. Eu, não...O homem lá de cima sabe porquê vim parar aqui.


Small church in an autumn...very very special...my meeting with a chinese woman.

Se tenho recebido ajuda de amigos de meu marido? Não...eu mesma começo a cavar meu espaço. Pequeno, ainda...mas com bastante esforço. Devo tanto ao incentivo que recebo de duas professoras suecas. Esta semana, eu fotografei uma moça oriental num cemitério entre folhas voando(foto 1).Hoje, a mesma foi fotografada ao lado de um dos rostos mais expressivos da comunidade árabe na Suécia. Não consigo entender como uma pessoa que viveu a guerra de perto, tenha um ar tão sereno(fotos 2, 4 e 6). A guerra o afastou da família de tal forma que até hoje, os bens mais preciosos são a esposa e a filha.


Como escreveu Mário Quintana, "A vida são deveres, que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê, passaram-se 50 anos! Agora, é tarde demais para ser reprovado... ...Dessa forma, eu digo: não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo. A única falta que terá, será desse tempo que, infelizmente, não voltará mais." E eu pouco ou nada penso de uma vida que passou e da que ainda está por vir. Não importa se estudei muito. O que mais importa agora é correr atrás dos sonhos. Por que nunca é tarde para se refazer. Assim como nunca é tarde para aprender coisas novas. Mesmo por que nunca sabemos quando a vida vai escorrer pelos dedos...
Grace Olsson^ - View my 'Autumn-time for reflection' set on Flickriver