
No início dos anos 80, eu concluía o segundo grau quando um teste vocacional deixara claro que eu tinha jeito mesmo era para números. Naquele tempo, eu vivia a fase de apaixonada por Química, Física e Matemática. Lá fui tentar uma vaga de Licenciatura em Química na Universidade Federal de Alagoas. Uma vez lá, eis que ensinei 4 anos e um belo dia, casei e fui morar no interior. Caí de pára-quedas numa indústria que me transformou, depois de cursos e mais cursos, em gerente de Informática. Entrei no curso de Economia da mesma faculdade...mas o que mexia com minha cabeça naquela época era uma tal necessidade de saber mais sobre o meu próprio destino. Eu queria, ainda no final dos anos 80, cursar Direito. Ser advogada. Sempre quis ser isso. Não queria mais do que isso.

De 1994 a 2004 trabalhei com Direito do Trabalho. Sempre fui apaixonada por Direitos de Família e do Trabalho. Nesse interim, entrei na faculdade de Direito. Na metade do curso,vim viver na Suécia. Ao voltar ao Brasil, concluí o curso e dei de cara com um tema instigante: OS DIREITOS DA CRIANÇA REFUGIADA. Devo enfatizar que a criança , em si, me sensibiliza. As dificuldades que ela vive, quer seja refugiada ou não. Dois anos em convivência com as crianças africanas me deram mais sensibilidade e desapego aos bens materiais. Eu aprendi a ser mais transparente em tudo. Mesmo que discordem de mim.

Eu desejei concluir Direito mas nao planejei me dedicar a estudar Direito Internacional. Durante o TCC, comecei a estudar fotografia. A criança refugiada me deu a capacidade de aprender a ficar horas esperando um pássaro voar, uma abelha fazer morada numa flor, o sol se pôr, a chuva cair.
Nunca planejei trabalhar com fotografias. Mas isso VEM ACONTECENDO.E EU NÃO LUTEI E NEM PEDI PARA ISSO. E A VIDA TEM ME DADO OPORTUNIDADES NESSA ÁREA. FOTOGRAFAR A VIDA - em preto e branco ou colorido- não é para todo mundo. A arte de fotografar me faz analisar a vida sob todos os pontos de vista. Paralelo a isso, estudo sueco. E confesso que decidi me acalmar. Queria tanto falar sueco que caí na real e lembrei de meu passado: AS COISAS QUE NÃO PLANEJEI, CONQUISTEI. POR QUE CREIO QUE DEUS NÃO DÁ MILHO SECO A DESDENTADO. E se é assim...

Que eu dê chances à vida , a natureza, de fazer o melhor por mim. Pode ser que muita gente ache que ser fotógrafa é muito pouco quando se estudou tanto... Não importa. É algo prazeroso. No entanto, não vou dizer que isso seja algo definitivo na minha vida. Pode ser que amanhã...a vida me fale que preciso estudar algo além...
Se falo sueco?Confesso que já dou meus pulinhos. Perdi o medo...meti a cara. E consigo me fazer entender. Me apaixono diariamente pela língua do país que escolhi para viver. Eu, não...O homem lá de cima sabe porquê vim parar aqui.


Como escreveu Mário Quintana, "A vida são deveres, que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê, passaram-se 50 anos! Agora, é tarde demais para ser reprovado... ...Dessa forma, eu digo: não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo. A única falta que terá, será desse tempo que, infelizmente, não voltará mais." E eu pouco ou nada penso de uma vida que passou e da que ainda está por vir. Não importa se estudei muito. O que mais importa agora é correr atrás dos sonhos. Por que nunca é tarde para se refazer. Assim como nunca é tarde para aprender coisas novas. Mesmo por que nunca sabemos quando a vida vai escorrer pelos dedos...
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