Tudo começou há duas semanas e meia atrás quando eu precisei acordar e me dirigir à Rua Pilgatan, 8, térreo. Segundo o telefonema eu teria uma conversa com a futura professora. Mas uma vez chegando lá, eu me deparei com tanto árabe e gente estranha que me senti num beco sem saída...
O sentimento daquele momento me voltava aos anos iniciais da minha vida quando pisei pela primeira vez numa escola.O sentimento era de puro medo do desconhecido. Do novo que se descortinava à minha frente. Minha vontade era de correr e pedir socorro ao marido que estava me esperando no carro. Eu não teria encontro com professora alguma. Eu estava no meio de meus futuros colegas. No entanto, confesso que sentí medo. Três dias antes, eu decidira parar com o remédio para dormir. Troquei-o por chás.E achava que começaria a estudar na semana que viria. A professora fora clara: VOCÊ JÁ ESTÁ ATRASADA UMA SEMANA.
Assim foi a minha volta aos bancos escolares. Depois de 14 meses sem estudar, eis que voltei aos bancos escolares para aprender o idioma sueco. E tenho como companheiros 90% de colegas vindos do Iraque. Mais iranianos, curdas, somalianos, colombianos e eu como brasileira e uma chinesa. Hoje, pensando bem, todos nós estamos no mesmo barco. Grande parte deles são... refugiados.
O verão por aqui já se foi na manhã fatídica em que tremi na base. O que vem agora é o outono. Estação de cogumelos espalhados por todos os lados. Folhas começam a cair com diversas tonalidades que vão do amarelo, marron, cinza, bronze dando lugar a uma paisagem que até poucos dias atrás era de puro raios de sol se esparramando por toda parte. Já não se vê tanto sueco pelas ruas. O friozinho está vindo. E eu desperto para uma realidade um pouco diferente: as amizades estão nascendo fora do circuito Suécia- Brasil.
Eu estudo 5 dias por semana. Começo às 8:30 da manhã e termina às 4 da tarde. Na segunda-feira, começo meia hora mais cedo. Temos intervalo de uma hora para o almoço e pequenos intervalos de 10 a 15 minutos - uns 3 por dia. São duas professoras genuinamente suecas. O que difere da primeira vez em que estudei por aqui. A professora era alemã e não falava muito bem o sueco. Ela era muito boa em gramática. Isso me encorajou a aprender a ler. Hoje, tive meu primeiro dia de conversação. Em dupla. Lá fui eu e a Buhra, uma colega do Kurdskistão. Depois, eu e mais 3 iraquianos apresentamos nosso primeiro texto em sueco. Foi muito divertido. A professora nos deu 5 figuras para que discutíssemos o que elas, em si, falavam, e depois contássemos a história.O nosso grupo - apenas eu de mulher -foi o mais divertido por que os meninos - homens que viveram o horror da guerra e tiveram que fugir com a roupa do corpo - são muito bem humorados. Toda a classe deu risada. Eu me dou super-bem com eles.
E o que me pareceu - à primeira vista - um leão a ser vencido, não passa de uma realidade que tenho de enfrentar. Se estou falando sueco? Não muito. Mas já me faço entender com o marido, ao telefone já sei dizer se foi engano, se ele está em casa, etc. É assim que o começo de outono me vê. Simplesmente...sendo eu mesma: ENFRENTANDO NOVOS DESAFIOS A CADA DIA.
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