Estradas a percorrer...

24 juli 2008
JUNTO DE TI.MEU AMOR. ONTEM, FIZEMOS ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO.UMA VIDA EM COMUM MOVIDA A TANTAS DIFICULDADES. PEDRAS QUE VOCÊ DE FORMA TÃO SÁBIA SABE REMOVER. EU SOU UM SER HUMANO UM POUCO MELHOR POR QUE DEPOIS QUE TE CONHECI MINHA VIDA SE FEZ SOL, LUZ E SOLIDARIEDADE. NÃO SEI O QUE SERIA DE MIM SE NÃO TIVESSE VOCÊ. TU ÉS A MINHA LUZ E EU POUCO MEREÇO TAMANHA DEDICAÇÃO. SEI APENAS QUE MINHA VIDA SERIA UM DESERTO SE NELA VOCÊ NÃO TIVESSE ENTRADO.E NÃO É À TOA QUE O VÍDEO ABAIXO NOS RELEMBRA A MÚSICA QUE MARCOU A CERIMÔNIA RELIGIOSA DE NOSSO CASAMENTO.





VOCÊ ME AMA COMO EU SOU. Diariamente eu tenho lições a aprender. Não aprendemos sempre quando caminhamos apenas em direção ao arco-íris...Aprendemos também quando descobrimos que precisamos tomar nossa vida em nossas próprias mãos. Mesmo que se ache está o Universo conspirando em maré-alta e na contramão de seus sonhos...

Não devemos ver obstáculos á frente como pedras irremovíveis. E sim como desafios a ser vencidos. Não há no mundo espaço para quem tem medo da vida, pois esta pode-nos escapar aos dedos feito água...num piscar de olhos.
Sofrer faz parte da condição humana. Optar por continuar sofrendo é que faz toda a diferença. Uns vêem o sol iluminando o dia feito a lua no céu sem estrelas a admirar;outros vêem a lua solitária como um sol a te espreitar.
Tem pessoas que vieram ao mundo achando que sofrer é tudo; outras descobriram faz tempo que viver melhor é ir de encontro ao paraíso de si mesma.
Encimesmadas de que a vida é amarga, dura, sofrida sempre e sem nada que possa levantá-la e fazê-la renascer é o caminho escolhido por aquelas que diante de uma pequena pedra, vê uma rocha a impedir-lhe a caminhada ...
Há pessoas como eu que acha poder ajudar a tudo e a todos. E termina por se esquecer de que é impossível ajudar sem se ajudar, primeiro. Demorei meses para me olhar no espelho e me conscientizar de que eu estava sumindo. Flutuando no espaço de um corpo que estava se deteriorando. Com as costelas aparecendo diante de meus olhos, mesmo que o marido dissesse que sou a mulher mais linda do mundo, eu ia tentando crer. Andando de um lado para o outro, me esvaindo em dores indecifráveis. Fingia eu que jamais morreria. Meu dia chegará. Mas não desejo que aconteça de forma que eu não tenha guerreado para viver uma vida que me faça feliz.
Se eu feliz não for, nada poderei fazer para amenizar a dor alheia. Não terei forças para nada. Não deixarei o legado que tanto quero dar aos meus descendentes: a força e a coragem de brigar por dias melhores. Por mim e por aqueles que - de uma forma ou de outra - não conseguem ter a chance de acordar a tempo de SORRIR SEM MEDO DE SI MESMO.


Foto by Grace Olsson.

Por mais que eu tenha andado e lutado, a alma(ou o mundo cruel?) me turbilha de perguntas sem fim. A angústia de ver um mundo se deteriorando e o medo de meus netos receberem um meio caótico para se desenvolver me dá depressão e medos sem fim. Mas desde que o mundo é mundo, essas crises existenciais existem e quem tem - como eu - a sensibilidade à flor da pele sofre de forma exasperada e sôfrega. E até para aqueles que pensam nada sentir.

Hoje, eu acordei com o calor do sol batendo no rosto. Olhei o céu azul e os pássaros cantando. Sinais para mim de que ainda há chances de se mudar algo nesta vida. Contanto que as mudanças comecem por mim.
Não quero chorar menos quando souber que as crianças refugiadas em Moçambique estão doentes. Quero me angustiar menos e assim, adquirir sanidade mental suficiente para, de forma tranquila e sem depressão ou pânico, encontrar um meio para que surjam meios de mudar o destino que elas pensam já terem traçados:o destino da morte precoce.
Para isso, preciso morrer um pouco mais tarde. E não mergulhada na bulimia ou na anorexia nervosa que a vida me impôs por que eu me esqueci de mim. Preciso mesmo é cuidar de meu jardim interior para ter um corpo mais sadio e iluminado. E, consequentemente, encontrar forças para fazer o que me predispus sem me preocupar se A ou B me classifica como Madre Teresa de Calcutá.


Preciso olhar ao meu redor e ver a beleza que é acordar ao lado de um homem que tem apenas olhos para mim. Preciso agradecer diariamente por ter amigos maravilhosos e filhos saudáveis. Preciso agradecer aos céus por ter me dado a chance de recomeçar a vida, mesmo que não seja na terra que me viu nascer, crescer, sonhar e concretizar sonhos solitários. E ainda assim continuar lutando para expurgar um pouco do egoísmo que eu - como ser humano - não estou livre. Preciso ver menos dificuldades numa língua estranha e que, ontem, ao conversar com uma médica sueca, caí na real: EU ME ANGUSTIO MENOS HOJE DO QUE ANOS ATRÁS QUANDO AQUI VIVI. Pelo fato simples de que não me basta ler e escrever o sueco. Eu preciso falar. E se não aprendo, como vou poder encontrar parceiros para me ajudar a tocar meus projetos em direção ao futuro?



"Quem nunca quis morrer
Não sabe o que é viver
Não sabe que viver é abrir uma janela
E pássaros sairão por ela
E hipocampos fosforescentes
Medusas translúcidas
Radiadas
Estrelas-do-mar... Ah,
Viver é sair de repente
Do fundo do mar
E voar... e voar... cada vez para mais alto
Como depois de se morrer!"Mário Quintana

Ah, esse mundo cruel precisa mesmo de muitas Madres Teresa de Calcutá. Cidadãos comuns. Como eu , como você. Cidadãos que façam a diferença em um mundo cada dia mais conturbado. E se nós não nos esforçarmos viveremos todos o caos de termos nossas vidas ceifadas sem nos tocarmos de que, antes de tudo,precisamos da VIDA para continuar lutando. Não nos esqueçamos, porém, de que precisamos cuidar também de nós. Levantemos. Descruzemos os braços e encontremos um meio de gargalhar por que não viemos ao mundo para sofrer o tempo todo. Um propósito nos foi dado. E ele será realizado melhor se começarmos a aplicar - em primeiro lugar- em nós mesmos, a lição que queremoos passar aos outros.



P.S.: Devo admitir que se caio hoje levanto amanhã, não é obra minha. E sim da força estranha e descomunal que se movimenta no meu ser, chamada DEUS. De você , Leif, que embala meus sonhos e planos em plena tempestade. Dos amigos que tanta força me dão. Meu mundo encantado e cheio de dificuldades que é a criança refugiada em Moçambique. Aos filhos que pari e aos tantos que daria tudo para proteger. Serei eu alguma coisa se me transformar num ser solitário? Tenho que continuar vivendo...mesmo que o hoje seja difícil. Crendo que amanhã o dia será outro. Desta feita, mais calmaria virá em minha direção. EU CREIO! E POR ISSO PERSERVERO!